Os autarcas do DESENVOLVIMENTOZINHO
Nestas três décadas de democracia às autarquias tem cabido a parte de Leão de um dos D, o D de desenvolvimento, basta observar com atenção as diferenças que se encontram em cada canto das cidades para perceber o quanto elas são hoje em dia uma realidade a anos-luz daquilo que eram há trinta anos atrás, basta circular nas suas ruas e viver nos seus prédios para compreender o quanto tudo mudou, o quanto hoje estamos melhor, passe o pleonasmo.
É um facto, o poder autárquico ajudou a melhorar as nossas vidas, no seu quotidiano mais simples, democratizou o poder político, tornando o seu exercício um ambiente efectivamente possível a qualquer cidadão e alterou radicalmente as cidades e algumas vilas em que vivemos. Uma conquista, indubitavelmente.
Mas como todas as conquistas, também esta teve o seu lado negro e neste caso de um negro tão opaco que muitas vezes é impossível distinguir em que linha termina o poder político e o interesse público que o sustenta e começa a gula privada. O poder autárquico teve em Penalva dois efeitos estonteantes, por um lado revelou um Concelho que crescia pouco e se desenvolvia pouco, por outro mostrou a natureza humana do penalvense comum quando investido de um pequeno poder. E foi aqui que tudo se complicou…
Vejamos, há 30 anos atrás Penalva do Castelo era uma vila, onde quase tudo faltava, mas, que se impunha no Distrito de Viseu, não só pela sua beleza, mas também por algum desenvolvimento, em relação a alguns Concelhos próximos. Passados estes 30 anos, e se nos cingirmos às mudanças mais óbvias, facilmente constataremos que mudámos, e isso é naturalmente, resultado do poder autárquico.
Mas observemos mais de perto esta mudança. O que mais mudou em Penalva foram os metros quadrados construídos, e tudo o que lhe foi atrás, ou seja, na maior parte do tempo o Concelho limitou-se a criar as condições mínimas para que alguns empreiteiros e alguns compadres pudessem edificar habitações, e algumas vezes a estratégia era simplesmente deixar construir em prol de alguns e prejuízo de outros e da comunidade.
Por último espreitemos o caso do PDM (um suposto instrumento estratégico) que mais não é que uma licença para beneficiar quem se pretende.
Ou seja AUTARQUIA devia significar DESENVOLVIMENTO, AUTARCAS traduziram-se em DESENVOLVIMENTOZINHO.
Desenvolveu-se, mas muito pouco, e em alguns casos complicou-se e deixou-se uma herança para o futuro que ARREPIA. Vamos esperar e ver, para ver se continuamos com o DESENVOLVIMENTOZINHO, ou se afinal vamos ter desenvolvimento a sério (o que eu duvido, pelo menos com este executivo).
Esperar não custa e para quem espera há tanto tempo……….